segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Fisioterapia Respiratória: Exames, Manobras e Benefícios

    
Antes de abordar as etapas do exame auditivo pulmonar, é essencial compreender como ocorre o deslocamento dos gases no sistema respiratório. Para isso, é fundamental analisar os volumes pulmonares estáticos. A quantidade de ar que entra durante a inspiração e sai durante a expiração em uma respiração normal é denominada volume corrente (VC). Quando uma pessoa realiza uma inspiração máxima seguida de uma expiração máxima, o ar expirado é chamado de capacidade vital (CV). Já o volume de ar que permanece nos pulmões após essa expiração máxima é conhecido como volume residual (VR), enquanto o volume que permanece nos pulmões após uma respiração tranquila é denominado capacidade residual funcional (CRF).




As doenças respiratórias afetam diretamente tanto os volumes pulmonares dinâmicos quanto os estáticos, comprometendo a mecânica respiratória. Com isso em mente, passamos para a próxima etapa, que é essencial para o fisioterapeuta na avaliação das disfunções respiratórias e na escolha do tratamento mais adequado. A semiologia respiratória é composta por quatro etapas principais: exame físico do sistema respiratório, ausculta pulmonar, avaliação de sinais e sintomas e radiografia de tórax.

1. Exame Físico do Sistema Respiratório

O primeiro passo da avaliação é a inspeção, que consiste na observação do tórax sem interferência no padrão respiratório do paciente. Nessa etapa, analisam-se a utilização dos músculos respiratórios, presença de retrações, simetria torácica, deformidades e aumento do diâmetro do tórax. Além disso, é importante verificar a presença de cianose e sinais como baqueteamento digital (hipocratismo digital), bem como deformidades torácicas menos comuns, como pectus excavatum e pectus carinatum.

A inspeção também inclui a avaliação da frequência respiratória, identificando casos de taquipneia ou bradipneia, além da análise do ritmo respiratório, como os padrões de Cheyne-Stokes, Biot e Kussmaul. Também se verifica a presença de sinais de insuficiência respiratória, como taquipneia com uso de musculatura acessória, tiragem intercostal e respiração paradoxal. Esses aspectos serão abordados em detalhes nos capítulos relacionados à fisioterapia em pacientes neurológicos e com insuficiência respiratória.

Após a inspeção, realiza-se a palpação, que consiste na avaliação tátil das estruturas cervicais e torácicas para detectar a presença de contraturas nos músculos acessórios da respiração (como esternocleidomastoideo e escalenos), atrofias, enfisema subcutâneo e alterações nos gânglios linfáticos. A sensibilidade torácica também é avaliada, sendo útil, por exemplo, na investigação de fraturas costais, diferenciando se a dor é de origem palpatória ou não. A elasticidade torácica é analisada posicionando uma mão na região posterior e outra na região anterior do tórax, observando a resistência durante a aproximação das mãos.


A expansibilidade torácica é examinada em diferentes regiões do pulmão (lobos superior, médio e inferior), verificando se há simetria na movimentação e distribuição do ar. Além disso, o frêmito toracovocal é avaliado por meio da colocação das mãos sobre o tórax para perceber a propagação do som através da parede torácica e do parênquima pulmonar, auxiliando na identificação de possíveis alterações.

Na sequência, realiza-se a percussão, uma técnica que permite avaliar rapidamente a presença de anormalidades pulmonares através da propagação do som pelos tecidos. Os tipos de percussão incluem:

Som claro pulmonar: presente em pulmões saudáveis e em condições brônquicas sem comprometimento do parênquima pulmonar;

Macicez: ocorre em casos como atelectasias, pneumonias extensas, infartos pulmonares, tumores, esclerose pulmonar ou derrames pleurais volumosos;

Submacicez: indica presença de líquido ou condensação associada a ar, sem atingir o nível de macicez;

Som timpânico: observado em situações como enfisema pulmonar e pneumotórax, onde há pouca ou nenhuma interposição de tecido pulmonar.


Por fim, a última etapa do exame físico pulmonar é a ausculta, que avalia os sons respiratórios. Os principais sons auscultados incluem:

Traqueal: forte, duro e oco, com alto volume, presente durante toda a respiração (inspiração e expiração);

Bronquial: ouvido sobre o manúbrio esternal, forte, porém menos intenso que o traqueal, com som oco e de alto volume, presente durante todo o ciclo respiratório;

Broncovesicular: auscultado sobre os brônquios principais, de volume médio e presente em toda a respiração;

Vesicular: som mais suave, de baixo volume, predominante na inspiração e no início da expiração, auscultado na periferia pulmonar.



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2. Manobras Fisioterapêuticas e Benefícios

Após a avaliação, o fisioterapeuta pode empregar diversas manobras fisioterapêuticas para melhorar a função respiratória do paciente. Algumas das principais técnicas incluem:

2.1. Manobras de Expansão Pulmonar

Essas técnicas visam melhorar a ventilação pulmonar e incluem:

Respiração Diafragmática: estimula a ativação do diafragma, promovendo uma ventilação mais eficiente.

Inspiração Fracionada: favorece uma maior entrada de ar nos pulmões, útil em pacientes com hipoventilação.

Expansão Costal Dirigida: melhora a mobilidade torácica e otimiza a distribuição do ar.


Benefícios:
✔️ Aumento da capacidade pulmonar
✔️ Melhoria da oxigenação
✔️ Redução do esforço respiratório

2.2. Técnicas de Remoção de Secreções

Essas manobras auxiliam na eliminação do muco e incluem:

Drenagem Postural: utiliza a gravidade para facilitar a saída de secreções.

Tapotagem e Vibração: estimula a mobilização do muco.

Tosse Dirigida e Huffing: favorecem a expectoração eficaz.


Benefícios:
✔️ Melhora na eliminação de secreções
✔️ Prevenção de infecções pulmonares
✔️ Redução da resistência das vias aéreas

2.3. Técnicas de Reexpansão Pulmonar

Indicadas para pacientes com atelectasias ou comprometimento da ventilação:

Pressão Expiratória Positiva (PEP): melhora a ventilação alveolar.

Inspiração Sustentada Máxima: ajuda na reexpansão pulmonar.


Benefícios:
✔️ Melhora na ventilação alveolar
✔️ Redução do risco de complicações pulmonares

2.4. Exercícios Respiratórios

Atuam na reeducação da mecânica respiratória, como:

Treinamento Muscular Inspiratório: fortalece os músculos da respiração.

Respiração com os Lábios Semi-Fechados: reduz a dispneia e melhora a ventilação.


Benefícios:
✔️ Aumento da resistência muscular respiratória
✔️ Redução da fadiga respiratória


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