terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Atributos Específicos do Sistema dos Linfócitos B

Produção de anticorpos pelos plasmócitos
Antes de entrar em contato com um antígeno específico, os linfócitos B permanecem em estado inativo nos tecidos linfoides. Quando um antígeno estranho invade o organismo, os macrófagos presentes nesses tecidos capturam o antígeno por meio da fagocitose e o apresentam aos linfócitos B localizados nas proximidades. Ao mesmo tempo, o antígeno também é exposto às células T, ativando as células T auxiliares. Essas células têm um papel essencial na ativação intensa dos linfócitos B, potencializando sua resposta, como será detalhado mais adiante.


Ao reconhecer o antígeno, os linfócitos B específicos para ele passam por uma transformação: aumentam de tamanho e assumem a forma de linfoblastos. Alguns desses linfoblastos se diferenciam, originando plasmoblastos, que são as células precursoras dos plasmócitos. Durante esse processo, o citoplasma dos plasmoblastos se expande significativamente, e o retículo endoplasmático rugoso aumenta em quantidade para dar suporte à produção de proteínas. Esses plasmoblastos se dividem rapidamente, duplicando-se a cada 10 horas e completando cerca de nove ciclos de divisão celular. Após aproximadamente quatro dias, cada plasmoblasto inicial gera uma população de cerca de 500 células.

Os plasmócitos maduros, resultantes desse processo, tornam-se fábricas de anticorpos. Cada plasmócito é capaz de produzir aproximadamente 2.000 moléculas de anticorpos por segundo. Esses anticorpos, pertencentes à classe das gamaglobulinas, são liberados na linfa e transportados para o sangue, onde desempenham suas funções imunológicas. Esse ritmo acelerado de produção pode durar por vários dias ou até semanas, até que os plasmócitos atinjam o esgotamento e morram.


Células de memória – uma resposta mais rápida e eficiente
Nem todos os linfócitos ativados durante a exposição a um antígeno evoluem para plasmócitos. Uma parcela deles se transforma em células de memória, que são linfócitos B especializados e capazes de responder de forma mais eficiente a futuras exposições ao mesmo antígeno. Esses linfócitos de memória aumentam a quantidade de células B específicas no organismo, unindo-se às já existentes e distribuindo-se por todo o sistema linfoide. Apesar disso, essas células permanecem inativas até que sejam novamente ativadas por uma nova exposição ao antígeno.


As células de memória são cruciais para garantir uma resposta imunológica mais eficaz em situações de reinfecção. Quando o organismo é novamente exposto ao mesmo antígeno, a resposta imune é ativada de forma mais rápida e intensa. Essa diferença é observada nas respostas imunes primária e secundária.

Na resposta primária, que ocorre durante a primeira exposição ao antígeno, há um intervalo de cerca de uma semana até que a produção de anticorpos seja iniciada. Esse processo é mais lento, menos intenso e de curta duração. Em contrapartida, na resposta secundária, desencadeada por uma nova exposição ao mesmo antígeno, a produção de anticorpos ocorre em questão de horas, com maior intensidade e podendo durar meses, em vez de semanas.

Essas diferenças entre as respostas explicam por que os esquemas de imunização geralmente envolvem múltiplas doses de antígenos, aplicadas em intervalos regulares. Esse método estimula a formação de células de memória suficientes para garantir uma defesa imunológica eficiente e prolongada.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

lesões relacionadas ao trabalho



O texto aborda a saúde do trabalhador como um conjunto de atividades dentro do campo da saúde coletiva, fundamentadas pelas leis trabalhistas e suas ramificações. Essas atividades, por meio de ações de vigilância epidemiológica e sanitária, buscam promover e proteger a saúde dos trabalhadores, bem como recuperar e reabilitar aqueles afetados por agravos à saúde. Muitos profissionais da atenção primária, público-alvo deste conteúdo, tiveram pouco contato com essa área durante sua formação, o que motivou a inclusão de uma introdução ao tema neste material.
A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde pública voltada para o estudo e a intervenção nas relações entre o trabalho e a saúde. Seus principais objetivos são a promoção e proteção da saúde do trabalhador, por meio de ações que incluem:

Vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho;

Prevenção de agravos à saúde relacionados ao trabalho;

Organização e prestação de assistência aos trabalhadores, com procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação, de forma integrada no Sistema Único de Saúde (SUS).


De acordo com essa concepção, o termo "trabalhadores" abrange todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, independentemente de sua forma de inserção no mercado de trabalho, seja no setor formal ou informal da economia. Isso inclui:

Empregados assalariados;

Trabalhadores domésticos;

Trabalhadores avulsos;

Trabalhadores agrícolas;

Autônomos;

Servidores públicos;

Trabalhadores cooperativados;

Empregadores, como proprietários de micro e pequenas empresas.


Também são considerados trabalhadores aqueles que realizam atividades não remuneradas regularmente em apoio a membros da família com atividades econômicas, aprendizes, estagiários e aqueles afastados temporária ou permanentemente do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego.

A Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde (LOS) atribuem ao SUS a responsabilidade pelas ações voltadas à saúde do trabalhador. O artigo 6º da LOS define a saúde do trabalhador como um conjunto de atividades destinadas a promover e proteger a saúde, além de recuperar e reabilitar trabalhadores expostos a riscos e agravos das condições de trabalho. Entre as atividades detalhadas pela LOS, destacam-se:

Assistência a trabalhadores vítimas de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho;

Participação em estudos, pesquisas e controle de riscos no ambiente de trabalho;

Fiscalização e normatização das condições de produção, armazenamento, transporte e manuseio de substâncias e equipamentos;

Avaliação do impacto das tecnologias na saúde dos trabalhadores;

Informação aos trabalhadores e sindicatos sobre riscos ocupacionais e resultados de fiscalizações;

Garantia aos sindicatos do direito de solicitar interdições de ambientes ou equipamentos em situações de risco iminente.


No Brasil, as relações entre trabalho e saúde refletem um cenário diverso, com múltiplas situações de trabalho marcadas por diferentes níveis de tecnologia, formas de gestão e contratos. Essas condições influenciam diretamente a qualidade de vida, o adoecimento e até a mortalidade dos trabalhadores.

Os fatores relacionados ao trabalho podem ser classificados em três categorias:

1. Trabalho como causa necessária: Exemplos incluem intoxicação por chumbo, silicose e outras doenças profissionais reconhecidas legalmente.


2. Trabalho como fator contributivo, mas não necessário: Inclui doenças como coronarianas, câncer, varizes e problemas no aparelho locomotor.


3. Trabalho como provocador de distúrbios latentes ou agravador de doenças preexistentes: Exemplos incluem bronquite crônica, asma, dermatite de contato e doenças mentais.



Por fim, a Norma Regulamentadora 17 (NR-17), conhecida como Norma da Ergonomia, aborda as condições de trabalho relacionadas à saúde ocupacional. Ela promove práticas ergonômicas para reduzir riscos e otimizar a qualidade do ambiente laboral, abrangendo todos os setores de trabalho e buscando prevenir agravos decorrentes de más condições ergonômicas.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Sistema Nervoso Autônomo

O sistema nervoso simpático é, sem dúvida, o principal componente do sistema nervoso autônomo responsável pela regulação da circulação. Apesar disso, o sistema nervoso parassimpático também desempenha um papel relevante, especialmente no controle da função cardíaca, com destaque para os ramos vasculares das regiões periféricas.


As trajetórias das fibras simpáticas na medula espinhal e nas cadeias simpáticas, assim como sua distribuição nos vasos sanguíneos, mostram que quase todos os vasos – com exceção dos capilares – recebem inervação simpática. Em determinados tecidos, como nos vasos mesentéricos, os esfíncteres pré-capilares também são inervados. Contudo, essa inervação simpática é geralmente menos intensa nesses locais em comparação com pequenas artérias, arteríolas e veias.

Essa inervação nas pequenas artérias e arteríolas permite que a estimulação simpática aumente a resistência ao fluxo sanguíneo, reduzindo, assim, a velocidade do fluxo nos tecidos. Já nos vasos de maior calibre, especialmente nas veias, a estimulação simpática reduz o volume, facilitando o retorno do sangue ao coração, o que contribui significativamente para o controle do bombeamento cardíaco. Esses aspectos serão explorados mais detalhadamente neste capítulo e nos próximos.

Além disso, fibras simpáticas também se dirigem diretamente ao coração. A estimulação dessas fibras intensifica a atividade cardíaca, promovendo tanto o aumento da frequência quanto da força e do volume de bombeamento do coração.

As fibras nervosas simpáticas responsáveis pela regulação vascular emergem da medula espinhal por meio dos nervos torácicos e dos dois primeiros nervos lombares. Logo após, conectam-se às cadeias simpáticas, localizadas ao longo da coluna vertebral, e seguem para os vasos sanguíneos por duas rotas principais: (1) nervos simpáticos específicos que suprem os vasos das vísceras intestinais e do coração.

Por outro lado, o sistema parassimpático, ao ser ativado, promove uma significativa redução da frequência cardíaca e uma leve diminuição da força de contração do coração.

As fibras nervosas simpáticas, em sua maioria, têm efeito vasoconstritor, enquanto apenas uma pequena quantidade apresenta função vasodilatadora. As fibras vasoconstritoras estão distribuídas amplamente pela circulação, mas sua ação é mais pronunciada em alguns órgãos, como rins, intestinos, baço e pele. Em contrapartida, nos músculos esqueléticos e no cérebro, o efeito vasoconstritor é consideravelmente mais fraco.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Fatores do controle vascular por íons e outros fatores químicos

Diversos íons e outros fatores químicos podem influenciar a dilatação ou contração dos vasos sanguíneos locais. Embora muitos tenham papel limitado na regulação geral da circulação, alguns apresentam efeitos específicos:

1. O aumento da concentração de íons cálcio induz a vasoconstrição, devido ao efeito geral do cálcio em estimular a contração do músculo liso.



2. Dentro dos limites fisiológicos, um aumento na concentração de íons potássio promove vasodilatação, pois os íons potássio inibem a contração do músculo liso.


3. A elevação dos níveis de íons magnésio causa vasodilatação intensa, já que os íons magnésio interferem na contração do músculo liso.


4. Um aumento na concentração de íons hidrogênio (redução do pH) resulta na dilatação das arteríolas, enquanto uma leve diminuição dos íons hidrogênio favorece a constrição das arteríolas.


5. Ânions como acetato e citrato também têm influência nos vasos sanguíneos, provocando graus leves de vasodilatação.


6. O aumento da concentração de dióxido de carbono gera vasodilatação moderada na maioria dos tecidos, mas no cérebro essa vasodilatação é mais acentuada. Além disso, o dióxido de carbono presente no sangue, ao atuar sobre o centro vasomotor cerebral, pode desencadear um efeito indireto significativo, resultando em vasoconstrição generalizada mediada pelo sistema nervoso simpático.



Vale destacar que grande parte dos vasodilatadores e vasoconstritores apresenta impacto limitado no fluxo sanguíneo a longo prazo, a menos que alterem significativamente a intensidade metabólica dos tecidos. Na maioria das situações, o fluxo sanguíneo tecidual e o débito cardíaco (correspondente à soma do fluxo em todos os tecidos) permanecem pouco alterados, exceto em estudos experimentais envolvendo infusões prolongadas de grandes quantidades de agentes como a angiotensina II (vasoconstritor potente) ou a bradicinina (vasodilatador). Mesmo assim, os efeitos tendem a ser transitórios.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Diferenças entre Exercícios Isotônicos, Isocinéticos e Isométricos na Hidroterapia


A hidroterapia utiliza a resistência e as propriedades da água para realizar exercícios terapêuticos. Dentre esses exercícios, destacam-se os movimentos isotônicos, isocinéticos e isométricos, cada um com características e benefícios específicos. Vamos entender melhor as diferenças entre eles.

 Movimentos Isotônicos


Nos movimentos isotônicos na hidroterapia, o fisioterapeuta aplica uma resistência graduada e controlada, atuando como um fator estabilizante. Esses movimentos ocorrem quando o paciente é movido na água, permitindo a variação da resistência aplicada. A resistência pode ser aumentada ou diminuída conforme a necessidade, sendo classificada como proximal, medial ou distal.

Exemplo Prático:Com o paciente deitado sobre a água, o fisioterapeuta pode aumentar ou diminuir a resistência segurando no flutuador cervical ou nos cotovelos do paciente. A cabeça do paciente pode ou não encostar no peito do fisioterapeuta, dependendo da resistência necessária.

Movimentos Isocinéticos

Nos movimentos isocinéticos, a resistência e o movimento são controlados pelo próprio paciente, enquanto o fisioterapeuta permanece como ponto fixo, sem se mover. O fisioterapeuta utiliza comandos verbais para orientar o paciente na realização dos exercícios planejados.

Exemplo Prático: O paciente realiza movimentos específicos contra a resistência da água, enquanto o fisioterapeuta fornece instruções e suporte verbal, garantindo que os exercícios sejam executados corretamente e com segurança.


Movimentos Isométricos

Nos movimentos isométricos, o paciente permanece estático enquanto o fisioterapeuta realiza movimentos ao redor do paciente. Esses movimentos podem incluir rotações completas, movimentos laterais, com os braços abertos ou fechados, alterando o contato da água com o corpo do paciente e variando a dificuldade de se manter estático.

Exemplo Prático: O paciente pode mudar de decúbito dorsal para decúbito lateral, mantendo-se estático enquanto o fisioterapeuta realiza os movimentos ao seu redor. Esses exercícios são realizados em uma sessão conhecida como "bad hagaz".

Conclusão

Os exercícios isotônicos, isocinéticos e isométricos na hidroterapia oferecem benefícios únicos para a reabilitação e fortalecimento dos pacientes. A utilização desses diferentes tipos de movimentos permite uma abordagem abrangente e personalizada, promovendo a recuperação e o bem-estar dos pacientes de maneira eficaz e segura.

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Como ocorre a produção de hemácias e células

 Produção e Desenvolvimento das Hemácias


Nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário, as primeiras hemácias são produzidas no saco vitelino. Essas células iniciais possuem núcleo e desempenham um papel essencial na oxigenação do embrião. À medida que a gestação avança, especialmente no segundo trimestre, o fígado se torna o principal órgão responsável pela produção dessas células, com o baço e os linfonodos também contribuindo para esse processo. No último mês de gestação e após o nascimento, a medula óssea assume totalmente essa função, tornando-se a única estrutura encarregada da formação das hemácias.



Durante os primeiros cinco anos de vida, praticamente todos os ossos do corpo participam da produção de hemácias. No entanto, com o crescimento, a medula óssea dos ossos longos, exceto as partes superiores do úmero e da tíbia, sofre um processo de transformação, tornando-se predominantemente gordurosa e perdendo a capacidade de produzir células sanguíneas. Por volta dos 20 anos de idade, a eritropoiese ocorre principalmente nos ossos membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo. Com o passar dos anos, a eficiência da medula óssea na produção de hemácias tende a diminuir progressivamente.


Origem e Diferenciação das Hemácias


A formação das hemácias tem início na medula óssea a partir de células-tronco hematopoiéticas pluripotentes, que são capazes de gerar todas as células sanguíneas do organismo. Com sucessivas divisões, essas células originam diferentes linhagens celulares. Algumas delas permanecem como reserva na medula óssea para garantir a reposição contínua, embora sua quantidade diminua com o envelhecimento.


À medida que amadurecem, as células-tronco passam por estágios intermediários, nos quais já apresentam características específicas da linhagem que irão compor. Essas células especializadas são chamadas de células-tronco comprometidas. Quando cultivadas em laboratório, elas demonstram capacidade de gerar colônias específicas de células sanguíneas. Aquelas responsáveis pela produção de hemácias são denominadas unidades formadoras de colônia de eritrócitos (CFU-E, colony-forming unit-erythrocyte). De maneira similar, existem células-tronco comprometidas para granulócitos e monócitos, chamadas CFU-GM (colony-forming unit-granulocyte/macrophage).


Regulação da Produção de Hemácias


A proliferação e a diferenciação das células-tronco são reguladas por proteínas específicas, conhecidas como indutores de crescimento. Dentre esses fatores, existem quatro principais, cada um com funções distintas. Um deles é a interleucina-3, responsável por estimular a multiplicação de diversas células-tronco comprometidas. Outros indutores atuam de maneira mais específica, promovendo a diferenciação de determinados tipos de células sanguíneas.


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

substancias hormonais que inibe as dores

Há muito tempo, descobriu-se que a injeção de pequenas quantidades de morfina em regiões específicas do cérebro, como o núcleo periventricular próximo ao terceiro ventrículo e a substância cinzenta periaquedutal do tronco cerebral, pode gerar analgesia extrema. Estudos posteriores identificaram que substâncias semelhantes à morfina, especialmente os opioides, também atuam em outras áreas do sistema de analgesia, incluindo os cornos dorsais da medula espinhal. Muitos medicamentos que afetam a excitabilidade neuronal agem diretamente sobre os receptores sinápticos. Isso levou à hipótese de que os “receptores para morfina” no sistema de analgesia poderiam, na verdade, ser receptores para neurotransmissores semelhantes à morfina, naturalmente produzidos pelo sistema nervoso. Por isso, pesquisas extensas foram realizadas para identificar o opioide natural do corpo humano.

Cerca de uma dúzia dessas substâncias opioides foram encontradas em diferentes partes do sistema nervoso. Elas são originadas da degradação de três grandes proteínas: pró-opiomelanocortina, proencefalina e prodinorfina. Entre os principais opioides naturais estão a β-endorfina, a metencefalina, a leuencefalina e a dinorfina. As encefalinas estão presentes no tronco cerebral e na medula espinhal, nas regiões descritas como parte do sistema de analgesia, enquanto a β-endorfina é encontrada no hipotálamo e na hipófise. Já a dinorfina ocorre principalmente nas mesmas áreas que as encefalinas, mas em quantidades bem menores.

Embora os detalhes do sistema opioide do cérebro ainda não sejam totalmente compreendidos, sabe-se que a ativação do sistema de analgesia por estímulos neurais que chegam à substância cinzenta periaquedutal e à região periventricular, ou pela administração de opioides como a morfina, pode praticamente suprimir os sinais dolorosos provenientes dos nervos periféricos. Além disso, outra descoberta importante no controle da dor foi que a estimulação de fibras sensoriais grandes do tipo Aβ, localizadas em receptores táteis periféricos, reduz a transmissão dos sinais de dor provenientes da mesma área corporal. Isso ocorre devido à inibição lateral local na medula espinhal, explicando por que técnicas simples, como massagens em áreas próximas à dor, são frequentemente eficazes no alívio. Esse mesmo princípio provavelmente justifica o uso de linimentos para aliviar dores localizadas.

Esse mecanismo, aliado à ativação psicogênica do sistema de analgesia central, também pode ser a base do alívio da dor proporcionado pela acupuntura. Diversas abordagens clínicas têm sido desenvolvidas com base nesse conceito. Por exemplo, estimuladores podem ser posicionados em áreas específicas da pele ou implantados na medula espinhal para atuar nas colunas sensoriais dorsais. Em alguns casos, eletrodos são colocados diretamente nos núcleos intralaminares do tálamo ou em áreas periventricular e periaquedutal do diencéfalo. Isso permite que o próprio paciente ajuste a intensidade da estimulação. Relatos mostram que, em certos casos, o alívio da dor pode durar até 24 horas após apenas alguns minutos de estímulo.

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